A digitalização do Inventário pode ser descarregada aqui: https://drive.google.com/drive/folders/1Gvr4-_iXoqNi9hxcswbCX4ccxv8Bu2Ob?usp=sharing
Âmbito e conteúdo
O Convento foi extinto em 4 de Novembro de 1891, por morte da última religiosa a prioresa D. Maria Angélica Godinho. A religiosa tinha os seus aposentos especiais, nos quais guardava bens individuais e de seu uso exclusivo, alguns dos quais trouxera de casa de seus pais – móveis, louças, roupas, garrafas de vinho do Porto, licores e aguardente, moedas em ouro e prata, entre outros (1892). Contém os inventários das alfaias, vasos sagrados e mais objectos de culto, dos bens móveis, objectos de uso profano, do suprimido Convento, estiveram presentes Francisco Manuel da Silva Bastos, da Repartição da Fazenda do distrito de Santarém, e Alfredo César da Costa Barbosa, da mesma repartição em comissão de escrivão da Fazenda, a fim de elaborarem os inventários, o Dr. Manuel Martins, arcipreste e representante do arcebispo, bispo de Portalegre, e o presbítero José Joaquim da Mota Ferreira, ex-capelão do Convento, em 16 de Fevereiro de 1892. Inclui o inventário dos títulos e mais livros, e documentos (provisões, títulos dos lugares da rainha, e de legados perpétuos, livros de dote e partilhas, do Foral Novo, de arrematações, entre outros), bem como do Convento da Ordem de São Domingos, da vila de Abrantes, elaborado pelo escrivão da Fazenda e Joaquim Nunes de Carvalho (1857), participaram a prioresa soror D. Maria Auta do Coração de Jesus da Fonseca Veloso, e o arcipreste João Freire de Oliveira e Matos. Reúne autos para avaliação de foros impostos no Casal de Alcoral no Campo do Tramagal, descrição dos enfiteutas – visconde de Abrançalha, do Tramagal, entre outros, e confrontações dos prédios rústicos (1891), relação da receita e despesa do Convento (1856), listas de foros impostos em propriedades para arrematação (impressas), autos de avaliação de domínios directos. Compreende o auto de posse do edifício do extinto Convento, incluindo os terrenos e mais pertenças, concedidos à Câmara Municipal de Abrantes, por Lei de 19 de Abril de 1892. Integra relações do inventário dos livros da biblioteca (em português, latim, espanhol), de crónicas de ordens, orações, missais, e manuscritos: carta da rainha D. Catarina, de 16 de Novembro de 1541, dirigida à abadessa, e uma relação com recibo autêntico pela entrega da prata do Convento, por ordem do general Junot, bem como capitais mutuados, termo de entrega de bens móveis do extinto Convento à Santa Casa da Misericórdia da vila de Abrantes, em 24 de Outubro de 1892. Reúne documentos relativos às jóias e outros objectos escolhidos pela Acadenia Real de Belas Artes de Lisboa, 1892. A documentação menciona bens nos concelhos de Abrantes, Avis, Alpiarça, Fronteira, Sousel, entre outros.
Entidade detentora: Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Cota atual: Ministério das Finanças, Convento de Nossa Senhora da Graça de Abrantes de Santarém, cx. 2040
Código de referência: PT/TT/MF-DGFP/E/002/00099
Datas: Produção: 1856-01-01 a 1931-12-31; Criação: 1856-01-01 a 1931-12-31
O Mosteiro de Nossa Senhora da Graça de Abrantes era feminino, e pertencia à Ordem dos Pregadores (Dominicanos). No século XIV este mosteiro já existia, fundado por iniciativa de D. Frei Vasco de Lamego, bispo da Guarda, como casa de freiras de Cónegos Regulares de Santo Agostinho, sob a invocação de Nossa Senhora da Consolação e na dependência do ordinário do lugar. Fortemente atingido pela peste durante o reinado de D. Duarte, o mosteiro ficou despovoado e foi entregue, pelo bispo, a algumas mulheres nobres, que deveriam exercer funções como comendatárias. Cerca de 1522, terminado o governo das senhoras seculares, D. Beatriz de São Paulo restaurou a vida religiosa no convento, manteve a comunidade nos Cónegos Regulares de Santo Agostinho e obteve a isenção da jurisdição do bispo da Guarda, passando à obediência do arcebispo de Lisboa, em 1529. No priorado seguinte, Isabel de São Francisco, admiradora do modo de vida das casas observantes das outras ordens, obteve um breve da Santa Sé e um alvará que permitiu a passagem para uma das ordens já reformadas. Em 1541, em Novembro, obteve a aceitação da sua comunidade, junto do provincial Frei Jerónimo de Padilha, como casa da Ordem dos Pregadores. Com a união do convento aos dominicanos e para evitar a homonímia com o convento de frades pregadores de Nossa Senhora da Consolação, na mesma vila, a invocação da casa feminina passou a Nossa Senhora da Graça. Em 1548, a comunidade mudou-se para novas instalações, mais próximas do centro da vila. Em 1834, no âmbito da “Reforma geral eclesiástica” empreendida pelo Ministro e Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de Maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respectivos bispos, até à morte da última freira, data do encerramento definitivo. Os bens foram incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional. Em 1891, o mosteiro foi encerrado por falecimento da última irmã prioresa Maria Angélica Godinho.